domingo, 18 de junho de 2017

HORROR

Ainda não foram criadas as necessárias palavras para dizer o horror e o violento absurdo que aconteceu, e continua a acontecer, na zona centro do país. Pedrógrão Grande, Leiria, muitas pequenas aldeias que nem sabia que existiam, tudo engolido pelo fogo, pintado de negro pela morte. Carros carbonizados, corpos perdidos numa tentativa de fuga desesperada, o inferno a fazer-se verdade.
Não sei se há culpados. Talvez, no fundo, todos sejamos culpados pelos sucessivos atentados à natureza, pela construção desenfreada, pelo desrespeito pelas espécies autóctones e a inserção de árvores invasoras; ou talvez não haja culpados, porque as trovoadas secas acontecem, porque os horrores o são em si mesmo. Vejo as lágrimas de tanta gente e sinto uma dolorosa impotência. Não consigo deixar de pensar que todos devíamos fazer mais...
Olho a Serra e penso que podia ter acontecido aqui. De repente, as minhas tristezas e desilusões tornam-se ridículas e insignificantes. Os meus desamores, as minhas revoltas, as minhas lutas por algo melhor, nada faz sentido face à imensidão do horror que o fogo espalhou. Queria, agora, a paz do esquecimento, como canta o Zambujo na minha solidão.

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