quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

FALHANÇOS

E lá volto eu à Educação... Devia já, ao fim de tantos anos, lidar com estas questões com indiferença e alheamento mas, ou seja que vou envelhecendo - e por isso se me agudizam os sentires (se possível fosse) - ou seja que os casos tristes não deixam de acontecer, continuo a precisar de desabafar as minhas angústias profissionais. E, desta vez, a minha tristeza desalentada nasceu em duas visitas de estudo que realizei...
Eu acredito, mas verdadeira e convictamente, que ver, experimentar, interagir, dar dinâmica aos processos de ensino e aprendizagem é determinante para o sucesso dos alunos. Assim, lá ousei desafiar dois colegas, porventura tão idealistas quanto eu, e metemo-nos a caminho do Porto Romântico para uma visita de dois dias, levando 47 alunos de 11º ano. Gente com 16/18 anos, até 19... Ora tudo parecia correr bem, com as habituais cantorias e reclamações sobre tudo, quando, perante a minha estupefação e indignada surpresa, sou chamada à portaria da Pousada de Juventude, pois o dono do café em frente queria falar com o professor responsável pelo grupo. E aí a minha surpresa transformou-se em indignação! Três jovens tinham resolvido ir para o café meio despidos, em robe, de boxers e t-shirt de alcinhas. Três rapazes maiores de idade que, quando os interpelei, me perguntaram onde estava escrito que não podiam ir despidos para a rua... Nunca, nem por um instante, estes alunos reconheceram o absurdo e pediram desculpa! 
Mal refeita da desilusão, ontem mesmo fui a caminho de Lisboa com mais 50 jovens, desta vez, alunos de 10º ano. Ora não é que, em pleno Rossio,  resolveram arrancar as penas de leme a um pombo? E não é que umas meninas saltaram para cima - literalmente - de um actor de novelas que filmava junto ao elevador de Santa Justa?!
Dormi mal. Porque acho que estou a falhar como educadora! A Escola tem de educar, tem de ser capaz de promover comportamentos responsáveis, tem de saber desenvolver competências sociais. E não me venham dizer que a família é que tem de educar porque, sabemos todos, a família modelo (seja lá isso o que for) há muito faliu... 
Mais grave, para mim que sofro com isto, é que eu sei como poderiamos fazer . Não é preciso trabalhar mais, basta trabalhar diferente...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

EDUCAÇÃO??

É com revolta, e algum desespero, que tenho acompanhado as decisões mais recentes no que à Educação diz respeito. A decisão de terminar, de um dia para o outro, com os exames de 4º ano, e as razões que se apresentam para tal, surpreendem-me. Obviamente, sei e sempre defendi que os exames, por si só, não são garantia de Educação de qualidade, ou sequer de avaliação fidedigna. No entanto, são uma forma de aferição com alguma relevância e, creio, servem também para ajudar os alunos, que são pessoas em formação, a enfrentar desafios. Não sendo uma defensora dos exames em si mesmos, quero o rigor na avaliação, e, sobretudo, quero  qualidade na Educação.  O que a Assembleia da República está a ratificar são medidas de revanche política: - O importante é eliminar tudo o que foi feito no passado. Um absurdo. Uma infantilidade, diria. Reduzir a escola a um espaço de convívio e socialização, parece-me absolutamente longe dos ideais e objectivos da mesma.
Nada tenho contra o novo ministro, nada sei dele, para além da idade, e da barba que lhe dá um ar simpático, mas veio da investigação sobre o cancro e talvez não tenha percebido que uma educação sem qualidade pode ser bem mais mortal do que a doença que investigou...