quarta-feira, 30 de junho de 2010

Podia...e até era a mesma coisa!

Terminou a formação dos QIM sem a glória, sequer, de se tornarem QUIMS, ganhando, assim, humanidade... Construi um recurso, brinquei com o oculto, pasmei face ao brilhantismo de colegas que constroem verdadeiras maravilhas com o software do activinspire, gastei horas de vida (preciosas!) em sessões síncronas e assíncronas e, agora, respiro de alívio! ACABOU!!
Já domino os QIM mas, no entanto, continuo convicta - mais ainda! - de que não é por aí que vai melhorar a Educação em Portugal. As aulas participadas, as metodologias activas, não dependem, felizmente, das novas tecnologias. Mudar práticas implica revolucionar atitudes, agitar normas, questionar modelos, ter consciência de que APRENDER e ENSINAR são dimensões diferentes e que, por isso mesmo, na Escola deve desenvolver-se o processo de Ensino E Aprendizagem!!
Terminei a formação. Vou, com certeza, utilizar o QIM nas minhas aulas. Agora, pergunto-me, poderia eu, poderei, fazer aulas melhores, permitir mais eficazes aprendizagens sem os QIM?? E, ao contrário da publicidade, vejo-me a responder "Podia! E até era a mesma coisa!"

terça-feira, 29 de junho de 2010

Alívio e Desespero

Corrigidos e entregues os exames de 12º ano, respiro sempre uma imensa sensação de alívio. É uma tarefa exigente, desgastante, que exige concentração e que, pessoalmente, detesto fazer. Mas faço, o que tem de ser tem muita força... Depois, fico sempre pensando no pouco sentido que muitas destas práticas têm para mim.
A nossa Escola, o dito sistema, obedece a modelos obsoletos, segue o que vigorava nos séculos XVIII e XIX!, e, hoje, vivemos na era das tecnologias, do telemóvel, do imediatismo, da informação à distância de um clic. Não pode fazer sentido!
Assisti ao enfoque dado, para só citar um exemplo, à necessidade de impedir que os alunos utilizassem o telemóvel nos exames, nas aulas também. Foi a guerra. Professores a exigirem que os alunos entregassem os telemóveis, os miúdos a recusarem, uma festa. Ao mesmo tempo, noutros lugares do mundo, os telemóveis são recursos rentabilizados e explorados na sala de aula...
Temos um governo que elege como primeira priooridade para a educação a certificação dos professores nas Tecnologias e, ao mesmo tempo, anula exames a quem tiver um telemóvel consigo, ainda que desligado!!As aberrações do sistema educativo português desesperam-me! E sim, é possível mudar.
É possível, fácil, urgente e inadiável! Só que, para desespero da maioria dos professores, não será com a actual equipa do Ministério da Educação que a mudança vai acontecer...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Diz-se...

Diz-se, por aí, que a crise em Portugal é tão grave que, um dia, poderão até congelar as contas bancárias. Diz-se, também, que os Bancos são obrigados a revelar às Finanças os cêntimos que cada um tem, ainda que aplicados em poupanças. Diz-se, em todo o lado, que a situação social e económica está insustentável. Diz-se, nas Escolas, que o governo vai contratar professores brasileiros, em horários incompletos, para poupar dinheiro. Diz-se, ainda, que na língua portuguesa uma ação e uma acção, um facto ou um fato, um ónibus ou um autocarro, são a mesma coisa. Diz-se, em documentos escritos e oficiais, que a prioridade para a educação é a certificação dos professores nas novas tecnologias!
Diz-se, por onde calha, e até nas televisões, que vivemos em democracia e que Portugal é um país livre!!
Diz-se cada barbaridade no meu país...

domingo, 27 de junho de 2010

Ao Ritmo da Dança

Ando numa fase de bom entendimento com Portalegre. Que sorte, para mim, que carrego energia positiva para enfrentar o país... Ontem, foi a Festa da Escola Silvina Candeias que me encantou. Durante quase duas horas e meia, no palco grande do CAEP, desfilaram actividades que, desde o Karaté dos pequeninos , cheio de golpes e gargalhadas, passando por diversos níveis de ballet clássico, danças de salão, sevilhanas, jazz, salsa, e terminando com o thriller de Michael Jackson (obrigatório, agora), encantou uma plateia diversa. A sala estava completamente esgotada e, para desespero dos funcionário - Não pode ser! Têm de sair daí! -, havia até gente sentada nas escadas.
A Escola Silvina Candeias consegue, há mais de 20 anos!, dinamizar actividades na cidade e, o que de facto me espanta (porque conheço a minha gente), consegue seguir crescendo de ano para ano. Ali, na escolinha de três andares junto à Sé, cruzam-se gerações diferentes, em harmonia, sempre com um sorriso e a certeza de que algo nos une. Tenho visto crescer muitos miúdos, e jovens, meus "colegas" na Escola Silvina Candeias e experimento, confesso, algum orgulho por poder pertencer a esta comunidade. Ontem, os professores, todos fantásticos, mostraram, uma vez mais, como há jovens capazes de grandes feitos, de grande dinamismo e criatividade. O Pedro, a Ana, O Alin, a Lena, a Laura, a Rita, são os mestres, os jovens que, com rigor e elevado grau de exigência - muita paciência também -, mantêm as actividades a funcionar. Mas é a Silvina, sempre preocupada e rigorosa, a referência da Casa.
Ontem, foi bom sentir viva a minha cidade. Foi bom aplaudir a Escola Silvina Candeias!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Mário Saa

Um poeta, um auto didacta, um amigo de Régio, um Homem da Direita conservadora, um defensor da sua independência de pensamento, um burguês rico que, embora tenha nascido nas Caldas da Rainha, era de Avis! Este homem foi, hoje, alvo de uma pequena, e pobrezinha..., conferência, no Castelo de Portalegre, no âmbito das comemorações do ano Regiano. Tive pena que a oradora, uma jovem investigadora, não tivesse sido capaz de conferir à apresentação dinamismo e interesse. O discurso, cheio de desagradáveis ahns, prejudicou o conteúdo que, em si mesmo, também desmerecia o homenageado.
De qualquer forma, animou-me ter ouvido dizer, pela primeira vez em muitos anos, que "foi um grande homem, um muito importante e inteligente intelectual da Direita Conservadora!". Até que enfim!!! Até que enfim começa a parecer extinguir-se o complexo de uma esquerda, muitas vezes acéfala, para a qual até Pessoa era esquerdoso!! Vale a pena ler a poesia Modernista de Mário Saa. E vale a pena gozar a paz alentejana na Casa Rural onde viveu, e que a família transformou em Turismo Rural, ali em Avis, no lugar que, dizem..., "é a terra que nem Deus quis!".

LINDA!!

Porque também sou filha de Deus, embora às vezes Ele pareça esquecer-se disso, ofereci-me hoje uma manhã de dolce far niente e fui tomar um café na esplanada do centro da rua do Comércio, na minha cidade.
Estacionei o carro no Rossio, bela ideia a dos parquímetros que permitem que sempre se consiga estacionar, e subi a calçada portuguesa. Está LINDA a minha cidade! Aliás, é linda a minha cidade mas, agora, com as ruas engalanadas para os Santos Populares, altares em muitas montras e música no ar, está ainda mais convidativa. Soube-me bem a caminhada, o reencontro com os olhares que conheço, os bons dias a gente que, como eu, é lagóia de alma e coração. Portalegre está de parabéns e merece a visita de todos!! Eu vou voltar lá, com máquina fotográfica!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

SILÊNCIO

Gosto do silêncio. Talvez por viver no meio do barulho constante dos meus queridos alunos, porventura por ter crescido com mais três irmãos, gosto do silêncio. Gosto de ficar no silêncio divagando, ou só a ler, sem nada interferir na paz que procuro. Tenho a mania (uma das muitas) de dizer que preciso de escutar o silêncio e que se aprende, muitas vezes, mais com o silêncio do que com sonoros discursos.
No entanto, nem sempre o silêncio augura algo de bom... A prová-lo, veja-se o que se tem passado com o Ministério da Educação. Mantiveram-se calados, muito calados, e agora, quando os professores andam embrenhados em exames, matrículas, relatórios, começam a publicar os documentos que urdiram - é o termo! - no silêncio da 5 de Outubro. Está aí o novo estatuto da correira docente, a manter, no essencial, as aberrações que já existiam; está aí, também a nova proposta de organização curricular e, claro, estão aí os Mega Agrupamentos. Ainda não li tudo com a necessária atenção mas, pelo que li, parece-me que este ME precisa de ouvir a voz da razão e deixar-se do silêncio da conspiração!!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Socratices

Há uma música, dançada pela Liza Minnelli (não sei se tem dois "ns" e dois "éles" mas não me apetece ir ver)- ah!a liberdade da escrita! - que tem como refrão money-money-money . É uma música de que eu gosto, mas hoje só me lembrei dela porque tenho tido como refrão para a minha existência trabalho-trabalho-trabalho!!
Foi com certeza por ter muito trabalho que nem me apercebi de mais uma socratice aguda. Os chips!! Vamos ter chips nos automóveis, se quisermos usar as SCUTs do Norte. Em breve serão as do Sul... Mas, pior ainda, vai ser quando este governo, que desconhece a palavra LIBERDADE, nos obrigar a colocar um chip na testa para controlar, também, os nossos pensamentos. (O dos governantes deviam estar sempre inactivos...)
Estamos a tornar-nos máquinas, robots, todos formatados, controlados, chipados e, pior ainda, tramados!!
Este governo vive de fait-divers. De parangonas ocas e medidas avulsas que atentam contra a dignidade humana!
Obviamente, eu não gosto de Mário Soares. No entanto, hoje até concordei com ele quando o ouvi dizer que estas medidas extraordinárias (?) para fazer face à crise, só servem para piorar as coisas. Um destes dias, se muito bem calha, aparece-nos um slogan novo e, em vez da velha frase "o Soares é fixe", ouviremos dizer "o Soares tem chip". Ele que não se cale...

terça-feira, 22 de junho de 2010

MENTIRA!!

Quem vendeu à humanidade a ideia de que somos todos iguais, devia ser preso! É uma das maiores tretas e falsidades da História, da Cultura, dos Povos. Nós somos TODOS DIFERENTES, únicos e exclusivos, graças a Deus! Imaginemos que, numa hipótese académica, e a ser verdade a maldita frase, era o primeiro ministro português o modelo. Bolas...
Bom, mas para além de se prestar a brincadeiras e confusões, a frase tem implicações sérias, e por isso me desespera. É que há quem, ainda que numa Escola (teoricamente lugar de educação) acredite na frase e, vai daí, os alunos, miúdos em formação, acham que têm os mesmos direitos, e deveres, dos professores. Assim, há meninos que se atrevem a ir fazer queixa de um professor que ligou o computador durante um exame, com o argumento de "se o professor pode, nós também podemos". Pior ainda, é quando estas queixas, denunciadoras de má formação e nenhuma educação, em vez de serem recebidas com uma valente descompostura, são aceites... Que Portugal é um país de absurdos, já não é novidade. Mas que o absurdo assuma as proporções de lei, de norma e regra, apavora-me de facto!!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Aferir??

É uma moda relativamente recente, terá 3 ou 4 anos, esta de juntar os professores, por distrito, em intermináveis reuniões de 4 horas, para aferir e concertar (ou consertar?) as classificações dos exames de 12º ano. Talvez estas reuniões façam sentido, por exemplo, nas ciências exactas.
Em Português, não lhes reconheço qualquer eficácia! Juntam-se os professores, corrigem-se perguntas retiradas de exames, em grupo, e conclui-se que raramente a cotação atribuída é coincidente. A agravar as coisas, as justificações dadas pelos responsáveis do GAVE nem sempre convencem os docentes, aqui chamados de correctores. Daqui a oito dias, mais quatro horas de reunião. Mais tentativas de acertar nos cotações que o GAVE entende serem adequadas!!!
Este ano, vamos já aceitar o acordo ortográfico. Os alunos podem escrever óptimo ou otimo; baptismo ou batismo; ónibus ou autocarro; etc. Este ano, tudo, ou quase, pode ser aceite. Não interessa se o aluno revela criatividade, sentido crítico, cultura geral, capacidade de interpretação, de análise, competência escrita. Interessa, só, que o aluno mostre que memorizou. Que saiba que a Belimunda recolhia vontades, em jejum, mas que não tente inferir sobre essa magia...
Eu não compreendo o meu país! Não percebo por que se gasta tanto dinheiro em disparates, em vez de se investir no que faz sentido!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago

Não. Não vou chorar o homem, dizer que o admirava ou sequer apreciava. Vou, apenas, falar do escritor que tardiamente descobri.
Quando era miúda, na altura em que nasce nas gentes o gosto do LER, Saramago não fazia parte da oferta escolar, ou sequer de minha casa. Na faculdade, e apesar de ter feito uma licenciatura em Português e Francês, nunca ouvi falar de Saramago. Foi, confesso, há cerca de dez anos que descobri o escritor que hoje morreu.
Em 1993, quando surgiu a polémica em torno do Evangelho Segundo Jesus Cristo, tentei ler o romance, por curiosidade, apenas, mas logo o pus de parte. Era, achei, chato, cansativo, sem nenhum interesse para mim... Resolvi esquecer Saramago!
Tempos depois, substituindo o romance Aparição (Vergílio Ferreira), um dos romances que mais me toca e encanta - incomodando contudo -, passou a ser obra de leitura obrigatória no 12º ano O Memorial do Convento. Lamentei-me. Lá teria de ler Saramago...
Felizmente, frequentei uma fantástica formação (coisa rara!) onde foi apresentada uma proposta de abordagem da obra. Fiquei rendida!
Já li três ou quatro vezes o Memorial, sei passagens de cor, emociono-me com a pureza rude de Baltazar, com a força do olhar de Blimunda, com a loucura de Bartolomeu. Aprendi que, ao contrário do que ouvia dizr, e eu estupidamente repetia..., Saramago não ignora a pontuação. Reinventa-a. Num estilo ritmado, oral, envolvente até.
Se pouco me diz a leitura, que acho pobre e errada, de que os ricos são maus e os pobres são bons, emcionam-me as descrições, fazem-me sorrir as ironias e as críticas sarcásticas que dão sentido ao Memorial.
Depois do Memorial, voltei ao Evangelho. Continuei não gostando. A Jangada de Pedra, então, nunca consegui acabar... Mas algumas crónicas, algmas frases "não me fales da morte, eu já a conheço", tocam-me fundo.
Saramago morreu hoje. Tinha muito anos, estava doente, morreu longe deste Portugal que, afinal, apesar de ter a forma de um caixão não serve nem para morrer!.
Perdeu-se uma vida humana, é sempre uma perda triste.
Desapareceu um escritor que, gerador de ódios e paixões, ficará na História deste Portugal. Hoje, é dia de luto.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Despedida

Depois de um ano a caminho de Vila Viçosa, de um ano explorando o Novo Programa de Português para o Ensino Básico (que afinal foi suspenso!!), hoje despedi-me dos colegas formandos que me acompanharam nesta viagem fantástica. Recebi flores!
Mas foram as palavras de carinho e apreço, a ternura e alguma admiração que senti verdadeiras, que mais me sensibilizaram.
Hoje, despedi-me de Vila Viçosa com muita saudade já.
Nunca mais me vou esquecer da Ana Alice (eléctrica e entusiasta), da Francisca (calma e segura)e da Francisca (curiosa e atenta), da Isabel (angustiada e decidida), da Clara (serena e empenhada), da Maria José (a net não chega a Mourão!!), da Feliciana (com aversão à plataforma - somos duas!-), da Zé (calada e pouco crente nesta nova mudança), da Maria de São José (nem um ombro quebrado a deita abaixo), da Maria João (segurançae organização), da Maria do Castelo (os netas são a nossa perdição), da Carla (que faz colares e pulseiras lindos), da São Fialho (sem GPS para Portel, com GPS para a educação), da Conceição (calma e atenta), do Manel (acutilante e empenhado (no meio de 15 mulheres!!))!!
Este ano lectivo ganhou um novo sentido pelo trabalho sério, intenso, mas muito cúmplice, que todos realizámos em Vila Viçosa. Obrigada queridos amigos!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Exame

Começaram, hoje, os exames de 12º ano, e português marcou o arranque. Os alunos compareceram, entre ansiosos e seguros, encontrando, felizmente, uma prova fácil. Eu vi-os a caminho da escola, hoje não podia eu estar de serviço..., e achei que os professores estavam mais nervosos do que eles. É que dos resultados dos alunos vão tirar-se ilações, quanto a mim erradas, sobre o valor dos professores. Se os meninos tiverem boas notas, os professores serão tidos como bons; se os meninos falharem, os professores serão classificados de incompetentes. Assim, tout court. Sem se pensar na formação das turmas, sem se analisar a escolha das turmas modelo por alguns professores, sem se avaliar o trabalho realizado, muitas vezes, ao longo de três anos. Tudo se reduz a um momento, a um exame que é, sempre, condicionado por tantas (e tão diversas) contingências.
Eu, que sempre quis ser Professora, que adoro os meus alunos, que tenho gosto em preparar aulas e em dinamizá-las, desejo, hoje, arranjar uma outra profissão! de preferência, longe deste Portugal!

terça-feira, 15 de junho de 2010

OCULTO

Porque o que tem de ser tem muita força, e porque ninguém ouve os meus protestos..., lá tive de construir, hoje, um recurso para o meu amigo QIM. Corte e cola, fundos bonitos, grelhas para ajudar, importa e exporta, elimina e acrescenta, lá gastei duas horas a criar um recurso que, provavelmente, vou gastar em cinco minutos de aula.. Mas enfim, tenho de confessar que valeu a pena!
Valeu a pena porque tudo fez sentido quando, pela mão do meu amigo Manel (ah os Manéis!!), vi ser criado um botão mágico! De que cor quer o botão? - Perguntou. Azul!- E, surpresa!, o botão azul fazia desaparecer, e aparecer, os quadros impressionistas, românticos e até os modernistas que eu tinha seleccionado. Bastava tocar com a seta do rato no botão e, puff, sumia-se tudo!! Fiquei fan do botão de ocultar, varinha mágica verdadeira.
Vi-me logo com um botão desses no bolso da saia. Ah, se eu pudesse ter essa magia...Se eu pudesse clicar no botão e ocultar quem me chateia, seria muito divertido. Já me imagino de mão no bolso, ou seja no botão, a ocultar chuchalistas irritantes. Acho que, se tivesse esse poder,nunca deixaria de usar o botão azul nas reuniões da Assembleia Municipal. Isso é que ia ser uma ocultação com utilidade para a comunidade portalegrense!!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Aqui Faz-se-de-conta

O meu país é o país de faz-de-conta que, por um muito doloroso paradoxo, existe de facto!
Aqui, faz-de-conta que há serviços de saúde. Mas, se se necessitar de uma operação, é melhor ir à Privada; se se necessitar de apoio para a Terceira Idade, é melhor ir ao Privado. Aqui, faz-de-conta que há sistema Educativo. Mas os alunos passam, ou, eufemisticamente, transitam, ainda que tenham notas negativas a, por exemplo, português, matemática e filosofia. Aqui, faz-de-conta que todos vamos apertar o cinto, mas há quem o alargue cada vez mais. Aqui, faz-de-conta que temos forças armadas, até vão às paradas, mas está tudo velho e gasto e, se viesse uma guerra, ia tudo num fole... Aqui, faz-de-conta que estamos muito contentes com o euros, mas lamentamos todos os dias ter perdido o escudo.
Hoje, a juntar a todo este faz-de-conta, percebi que também faz-de-conta que a Zon funciona. Uma avaria vai deixar-me sem TV duas semanas! Como é espantosa esta ilusão de que vivo num país europeu. Ou melhor, num país que faz-de-conta que é um país europeu!!

domingo, 13 de junho de 2010

Escolhas

Que eu não concordo NADA com o sistema de ensino português, já não é novidade. Devia mesmo, ao fim de quase trinta anos de Escola, ter-me rendido à impossibilidade de mudança, ter-me habituado a calar a revolta. Mas não sou capaz! E sempre que chega o final do ano lectivo, as coisas pioram!
Eu acho absolutamente errado, injusto e grave, que se obriguem os miúdos de 14 anos, às vezes 13!!, a fazerem uma escolha definitiva de futuro! Ao acabarem o 9º ano, ainda por cima o terminar de três ciclos de generalidades, eles não sabem o que querem seguir, que área devem escolher, que profissão gostariam de abraçar. Entram então em campo os pais, os professores, os psicólogos e orientadores vocacionais. Todos opinam, todos sugerem. E os miúdos, com tantas opiniões, com a influência determinante do grupo de amigos, com alguma angústia à mistura, lá escolhem. Depois, no 10º ano, é que são elas... Porque não sabiam bem o que seria a área escolhida, porque não gostam, porque, se calhar..., gostariam mais de outra área, porque mudaram de ideias, etc. E estas mudanças, que acho legítimas e compreensíveis, implicam, no sistema português, perder um ano!! Um miúdo escolheu o curso geral científico-humanísticos, conclui que Física e Biologia não são do seu agrado, pensa que talvez fosse melhor enveredar por economia e, para isso, perde um ano!!
Não pode estar certo, penso eu, complicar assim avida de gente tão miúda!!
Todos os anos, sobretudo quando sou directora de turma do 10º ano, vivo a angústia de, aí a partir de Março, ouvir os miúdos, com aparente (só aparente!)tranquilidade, dizerem "setôra,acho que vou repetir o 10º ano, vou mudar de área". Fico angustiada! É que a vida é curta demais para se poder perder tempo e eu não posso aceitar, de braços cruzados, que o meu país faça a a sua juventude perder anos!!
Obviamente, também as escolhas no 12º ano me preocupam. Angustiam-me, sobretudo, as escolhas conduzidas pelos pais, visando um futuro com um emprego bem pago. Claro que eu compreendeo a visão dos pais, também sou mãe..., mas fará sentido empurrar uma pessoa para uma área, uma profissão, só por causa de um eventual emprego, sem respeitar os gostos de cada um, o prazer que cada um coloca no que aprende e faz?!Duvido...
Digo sempre aos meus miúdos que devem escolher com segurança e sei, e sinto, como é idiota o meu conselho!! É que o problema das escolhas, não é o que se selecciona mas, sempre, o que se rejeita!!

sábado, 12 de junho de 2010

O Mundial

Portugal estacionou bem em frente das televisões. É o Mundial de Futebol e, neste país, onde umas chuteiras valem mais do que uma licenciatura, voltam a passear-se bandeirinhas nas janelas dos automóveis, voltam a comprar-se ridículos bonés e horrorosas t-shirts em todos os hipermercados. Esta minha gente, a mesma que muda de canal ou conta uma anedota quando a TV mostra a fome em África, quando olhares infantis pedem ajuda, sempre que aparecem famílias inteiras vasculhando restos no lixo, diz-se indignada por ter havido assaltos às comitivas e equipas que estão na África do Sul. Como se fosse mais importante o roubo de uma máquina fotográfica, do que a fome numa criança!!
No meu país em crise, com a miséria crescendo todos os dias, saber se houve lesões nos jogadores, ou em que momento vamos ser eliminados, parece vital.
Lembro-me de ouvir condenar o Estado Novo, e muito bem, por distrair o povo com Fado - Fátima e Futebol. Agora, não percebo a diferença entre o Estado Novo e este velho estado de coisas!!

Santo António

De Pádua, ou de Lisboa, ou aqui mesmo de Portalegre, onde também é patrono, o Santo António é um santo da minha simpatia. Acho que gosto dele sobretudo por causa do Sermão de Stº António aos Peixes, escrito pelo outro António que, embora frade, não era santo. Mas era, sem ser santo, um homem de todos os tempos!!
Há pouco, lendo na net mais uma das milhentas anedotas sobre o eng. Sócrates, desta vez com o objectivo de provar que entre este e o Verdadeiro Sócrates nada há de comum, lembrei-me de como António Vieira soube criticar os maus dirigentes, soube condenar uma sociedade acéfala e centrada, apenas, no interesse económico. Na época, séc. XVII, era preciso falar de igualdade, justiça, verdade, dignidade humana. Hoje, séc. XXI, é preciso voltar a falar dos mesmos Valores e, sobretudo, é preciso lembrar que, para além da crise, há vida e seres humanos.
Domingo, festeja-se o Santo António e, para mim, se ele cá voltasse voltaria a ter como única audiência os peixes!!!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Amigos

Não são aqueles a quem sorrimos todos os dias, ou aqueles que nos telefonam no Natal, os verdadeiros amigos. Os amigos mesmo são, para mim, os que não têm dia marcado, os que respondem aos apelos, os que dão sempre o jeito de dar uma ajuda. Os amigos mesmo, são aqueles que me valem sempre, seja para desencravar uma tabela de excell, para ajudar a construir um recurso QIM, para pagar uma bica de boa conversa ou até para respeitarem o silêncio e a solidão. Os bons amigos não cobram, não interrogam, não comentam. Criticam, gritam se é preciso, mas nunca viram costas. Felizmente, eu tenho bons amigos! E fazem-me muita falta sempre!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Portugal

10 de Junho de 1580. Luís Vaz de Camões, o poeta mendigo e zarolho, morria com o país que amara e servira. Para o enterrar, um lençol emprestado e o chão da Igreja de Sant'Ana. Por companhia, meia dúzia de amigos e Jau, o amigo escravo. Apenas. Porque era grande, maior do que os homens que insistem em pôr-se em bicos de pés para mandar, morreu como morre, ou sufoca, a Arte e o Valor em Portugal - ao abandono, no esquecimento, na miséria.
"Não mais Musa, não mais, que a Lira//Tenho destemperada e a voz enrouquecida// E não do canto, mas de ver que venho//Cantar a gente surda e endurecida." Passaram muitos séculos e, no entanto, as palavras de Camões permanecem actuais... Hoje, o mesmíssimo país que deixou na miséria o Poeta, assinala o seu Dia com discursos de mentira e falsidade. Hipócritas, sim!
Hoje, continuam a perseguir-se aqueles que ousam pensar diferente, apadrinham-se as sem-vergonhices, sobrecarregam-se os que trabalham, enviam-se para longe os que PENSAM!
Hoje, neste mesmo Portugal de gente surda e endurecida, é melhor ser vigarista do que honesto, ladrão do que trabalhador, cínico do que verdadeiro. Camões, há 500 anos, acompanhou a derrocada do país, e nós assistimos ao seu desmantelamento total! O Portugal de hoje não investe na Educação, nem na Saúde, sequer nas Forças Armadas. Temos um governo de aparência, centrado em obras desnecessárias que terão, como único benefício, encher (mais ainda) alguns bolsos de gente especial...Temos, em 10 de Junho de 2010, uma Constituição que diz que caminharemos para o socialismo negando, assim, a verdadeira democracia. Luís de Camões ofereceu aos ousados portugueses a Ilha dos Amores. Seria uma ilha virgem, fantástica,habitada por ninfas e deusas. Hoje, se quisessemos oferecer um prémio aos portugueses ousados, decerto prefeririam um bilhete de avião apenas com direito a ída! Porque este país está a ser morto diariamente. Porque este país não merece os Grandes que teve, a História que viveu!!
Há pouco, assistindo aos discursos de ocasião, observando as antipatias mal disfarçadas entre os diferentes orgãos de soberania, pensei que, se Camões pode ver-nos de algum assento etéreo onde subiu, deve estar com vontade de vir cá abaixo, de espada em punho, defender a sua Honra!!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Chuva no pedaço!


Uma destas manhãs, bem cedo, ao descer para a cidade, vi a minha cidade a despertar. Qual humana, empurrava com jeito preguiçoso o édredon de nuvens e deixava, aos poucos, entrar o sol. Não resisti a, ignorando a minha natural incapacidade para máquinas, parar o carro e fotografar o momento. Olhei, há pouco, de novo a fotografia e, como hoje chove e faz frio - tempo doido este! -, achei que, se calhar, a cidade vai ter de recuperar o édredon...
Deixando solto o pensar, esbarrei com a ideia absurda, mas já posta em prática, dos mega agrupamentos de escolas! Para poupar dinheiro, porque o governo português só poupa onde deve investir, assistimos ao encerramento de escolas e à junção, sob a pomposa designação de "Mega Agrupamento", de muitas outras. Não se pensa como vai ser possível trabalhar em territórios educativos com mais de mil alunos, nem nos efeitos negativos de diferenças de idades de dez anos, nem nas condições de segurança, menos ainda no trabalho dos professores. Pensa-se, exclusivamente, em poupar euros porque, escandalosamente, este é o governo que ainda não percebeu que investir na educação é criar capital humano. Este é o país onde um par de chuteiras vale mais do que um cérebro inteligente! Apetecia-me, por isso, ter o poder da minha cidade e puxar um manto intenso de nuvens negras que cobrisse, de vez!, este Portugal que me entristece a cada segundo!!!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Leituras

Nesta altura do ano, com o ano lectivo a chegar ao fim, sou sempre atacada pelo vírus da sugestão de leitura. Nunca resisto a desafiar os alunos para novos textos, novas aventuras, novas experiências absolutamente radicais como, sem dúvida, abrir um livro e cair de mergulho no deserto, ou no meio de uma discussão amorosa real, daquelas sem lol, nem sms, nem xau, mas cheia de frases de não ditos, de metalinguagem e de sentires reais. Sei que, para alguns, o que eu digo entra por um ouvido e sai pelo outro. E eu acho muito bem! Se não fosse para isso, qual o interesse de termos os ouvidos no alinhamento um do outro?! Só que também sei, cum saber de experiência feito, que há sempre dois ou três que me escutam. É para esses que falo.
Acho que o ensino individualizado e personalizado deve ser isto... Não aceito que o seja, apenas, dirigido aos alunos que não trabalham, que não gostam de nada, que se limitam a reproduzir modelos e que, de boxers de fora, andar de traineira encalhada e olhar cansado, se arrastam pela escola como pela vida.
Este ano, mais uma vez, sugeri ao 10ºano que aproveitasse os três longos meses de férias para descobrir Eça de Queirós. Tenho confiança na Catarina, na Margarida, na Mónica, na Neuza, na Rita. Ao 11º ano vou propor que arrisquem Vergílio Ferreira, que procurem a inquietação do existencialismo, que se deliciem, também, com Isabel Allende e, noutro registo, com Yourcenar. Aqui, aposto na Raquel, nas Catarinas, e também no Danilo. Em Setembro, veremos se foi uma aposta perdida...

domingo, 6 de junho de 2010

Leiria


Por motivos profissionais, passei dois dias em Leiria. Olhei o castelo e imaginei D. Dinis, o tal que dizem que fez tudo quanto quis, ali no alto do monte, rabujando com a mulher que insistia em dar de comer aos pobres. Pensei que, afinal, na essência pouco mudou... Hoje, também há quem faça tudo quanto quer (sem sequer ter a desculpa da real gana, que numa República não há dessas coisas...), também há quem passe fome - MUITA FOME! - e também há quem se veja aflito, e perseguido, por querer ajudar os outros. Em Leiria, quase desejei o regresso de D. Dinis. Pelo menos, era poeta. E artista!!!

sábado, 5 de junho de 2010

QIM

Não é nome de cão, de gato, de peixinho vermelho ou cágado caseiro. Nem sequer é nome de uma personagem de BD, daquelas cheias de ditos humorísticos ou aventuras fantásticas. Os QIM são os Quadros Interactivos Multimédia que, na senda da febre informática e tecnológica que atacou a Educação, foram instalados em muitas escolas. Como professora, não tenho nenhuma dúvida de que o paradigma da educação tem de mudar! Muitas vezes, quase todos os dias..., penso que muitos dos problemas da Escola portuguesa se prendem com o facto de, no século XXI, se reproduzirem práticas e metodologias do século XVIII. Faz-me confusão ver os meninos em filas, alinhados, enviando sms escondidos e tentanto, muitas vezes, conseguir resistir ao sono que provoca a exposição do professor. Também é verdade que me desesperam os alunos para quem tudo é "uma seca", revelando uma apatia que revela bem a sua ignorância.
No entanto, não acredito que a salvação da Escola portuguesa passe, simplesmente, pelos QIM. Eu já assisti a sessões, e aulas..., com recurso a power points e afins que se revelaram momentos passivos, chatérrimos e ineficazes.
É por isso que, quando me tentam vender a ideia de que é com a utilização dos QIM que a Escola vai mudar, me apetece reformar-me. Já!!
Estou a prever aulas inteiras com os professores, felizes, a meter adjectivos em caixinhas, um jogo!, a arrastar imagens, que giro!, a ocultar palavras, que interessante!, enquanto os alunos desenvolvem, nos lugares, técnicas de maior e melhor utilização do software dos seus telemóveis.
A mudança na Escola - URGENTE! - tem de passar por novas atitudes didácticas, por nova organização de espaços, por novos programas, por atitudes, em si mesmas, mais activas e interactivas! Já vi aulas interactivas de facto, feitas de ensinar E aprender, sem recurso a nenhuma das múltiplas técnicas TIC. Já vi aulas com muitos recursos TIC absolutamente expositivas e desinteressantes...
Estou desgostosa com a Escola que integro. Desiludida também. Cansa ver que, ininterruptamente, insistimos na aparência. Eu queria uma Escola de facto! Feita de olhares, de toques, de partilhas reais.
Tenho tanto medo do excesso de virtualidade...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ordem para fechar!

Um dos muitos filmes do 007 chamava-se "007 Ordem para Matar"! Não sei já se,no filme que cito, o actor era o Pierce Brosnan, o Sean Connery, o Roger, ou outro. Lembro-me, aliás, mais do nome do que do enredo que, invariavelmente, se resumia a golpes fantásticos, mulheres bonitas e o 007 a sair-se dos mais horríveis perigos.
Há pouco, assistindo ao telejornal, surgiu-me a ideia de propôr a um realizador português que fizesse um filme intitulado "Eng. Sócrates, ordem para encerrar". Não poderia ser o grande Manuel de Oliveira porque, embora realizador de excelência, a velocidade dos seus filmes não se adequa à velocidade do protagonista a encerrar serviços... Também o actor não poderia ser o Pierce Brosnan, ou sequer o Rogério Samora, são charmosos demais, mas poderia sempre optar por desenhos animados e escolher como protagonista o Pinóquio.
É que o eng. Sócrates, para além de todas as enormidades que cometeu e comete, resolveu agora encerrar, de uma assentada, 500 escolas!
Já encerrou Centros de Saúde, Maternidades e Hospitais. Agora, são as escolas. O homem está cheio de razão! De facto, num país moribundo, num país sem sonhos nem futuro, num país onde os pobres pagam (tentam...) a crise enquanto os ricos aumentam a riqueza, só fazem falta serviços mortuários. Para quê Centros de Saúde?! Para quê escolas?! Eu acho que o engenheiro está cheio de razão! No fechar é que está o ganho!Quando não houver gente em todo o Alentejo, apenas metade do país em termos geográficos (um pormenor...), poupar-se-á uma data de dinheiro e, provavelmente, o TGV nem precisará parar em Évora pois, acho eu..., não restará ninguém com capacidade para pagar o bilhete. Com tanto encerramento, contenção, impostos, aumentos, aberrações, nem me admira que este meu povo continue sorrindo e pensando no Mundial de Futebol...

Nova página

Depois de um parágrafo, deixa-se uma margem maior e recomeça-se a escrita. Pode mudar-se de assunto, de pensamento, introduzir um novo tema, apresentar um contra-argumento. É assim, mais ou menos, que eu ensino aos meus alunos que devem escrever, desejando, do fundo do meu querer, que eles aprendam a lição. Agora, eu aprendi com eles. Não páram os pedidos/sugestões/exigências para que o portugalagóia continue e eu resolvi retomá-lo. Curiosamente, foram os alunos que já o não são, os que partiram para outras cidades em busca de novos saberes, de novas competências, que me convenceram. É que eu também tenho muitas saudades boas deles: - do João, da Maria, da Cátia, do Filipe, do Eduardo, da Ana, de tantos, tantos, tantos que, quando os lembro, sinto justificados os meus cabelos brancos...
Assim, aqui estou de novo. De janela aberta para a nogueira, com Portalegre ao fundo, contando das mil coisas que nos tornam uma sociedade, e que nos fazem, afinal, ser quem somos.